terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dezfecho

 Depois de ter cruzado as portas me procurei onde eu poderia estar, mas não me encontrei nas velhas ações, voltei aos mesmos lugares e fui outras pessoas, foi bom, é melhor.
Quanta ilusão, quanta teimosia em não querer ver, bem diante dos olhos e não aceitar a verdade que dói, dizia eu que aceitar dói menos, é isso.
 Negar a ação, tentar voltar, voltar pra onde? Só existe em frente, pressionando a bolha, mas de dentro. A liberdade tem esse escuro, esse espaço de deixar o outro viver aquilo que acredita, dar espaço é essencial e não perder mais tempo carregando as pedras dos outros, carregando os outros, tentando mostrar o que não se quer ver. Agora eu também tinha espaço para voltar, voltar pra onde? Tudo já havia sido sacrificado e não era por algo maior, era só para que cada um pudesse viver os anseios de seu próprio eu, o seu ego, e isso era importante, mas tinha que ser o mais importante?
 Não há mais o que lamentar, eu merecia sofrer, o outro não, pelo menos foi assim que acreditamos, que me fizeram acreditar. Um tem que perder pro outro ganhar, um tem que ter nada pro outro ter tudo e se realizar... Essa foi a escolha que todos fizeram e que eu compactuei, e agora acabou, que alivio, nos vemos lá na frente então, pois esse se foi e nunca mais vai me alcançar.
Tudo se desfez e agora vivo, vivo o efeito, pois existe tudo a ser feito.
Não há razão para chorar, não há tempo para ficar ou hesitar.
Des~fecho, eu abro, não serei prisão, não compactuarei em pequenas solidões, pequenas uniões separatistas. Escolhi a liberdade e escolhi tudo pois assim escolho nada, escolhi não sofrer vendo os que amam suas correntes e amarras.
Vivi as provações para ser meu próprio guardião e ele não me ilude a querer ser um rei tolo.
Tudo tenho mas nada terei, eu sou o vento e o fogo
sou antes de mais nada o fim,
desfecho dezembro para o novo que janeiro já vem.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

outbr

Eu queria sentir tudo outra vez, como naquelas vezes que meu coração estourou de felicidade. Queria me apaixonar por você, como planejei que outubro seria. Queria que meus esforços tivessem sido suficientes e cada historia nova tivesse passado como um rolo compressor em cima de risadas que eu não consigo esquecer. Dessa vez queria me apresentar de uma forma definitiva, queria que fosse pra ser, mas eu escolho muito bem tudo aquilo que não vai dar em nada, talvez nem sempre, mas só para garantir abandonei tudo e todos que não me abandonaram. Ninguém liga realmente para onde eu vou, não importa muito o que eu faço ou o meu esforço, existem pessoas melhores e mais interessantes que serão dignas do seu tempo e atenção, mas mesmo assim eu estive tentando ser alguém também. Esse é o meu mês favorito e eu planejei gastar todo o meu tempo livre buscando fazer algo bom me acontecer, mas faltam só 7 dias pro mês acabar e a vida não parece interessada em mim para que eu possa me agarrar a ela. Essa semana parece o meu outubro ou nada.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Segredo da Corrente

Alguém já te pediu ajuda?
Eu sei, aquele cara que sempre tá no farol da esquina, mas isso não conta porque eu sei que no fundo você sempre julga ele, pensa que ele deveria mudar de vida, que ele provavelmente bebe com o dinheiro que você dá e que se você segue com a sua porque diabos ele não segue com a vida dele de uma forma melhor? Não adianta conversar com você, não me leve a mal, pode ficar por aqui e ouvir, mas prefiro falar diretamente com ela, ela sim saberia ajudar tanto a ele quanto a mim e quem sabe até ajudar você, não que algum de nós mereça mas ela sempre sabe o que faz... Então agora me direciono a ela, sim você, sim..
Uma vez eu te pedi ajuda e você me ajudou, você me deu muito mais do que eu achava que daria na verdade, não foi de mãos beijadas, mas só agora eu entendo. Eu deveria ter vergonha pela minha ingratidão, mas você é maior que isso, não espera de mim vergonha, espera de mim retorno, como as leis do universo.
Eu sempre quero desistir, apenas nos poucos momentos como esse, esse agora em que entendo seus ensinamentos que eu te agradeço e me orgulho por ter aguentado e seguido vendo onde iríamos dar.
É quase sempre vendo nos outros aquilo que está dentro de mim que acabo entendendo o processo em que me coloquei, talvez esteja intrínseco de seu tratamento que a nossa cura seja a cura do outro e que essa seja a única maneira de nos salvarmos, eu diria que é uma magia muito bem elaborada, digna de um fim épico, descobrir que o encantamento final dessa historia precisa da união de uma corrente. Foi vendo os outros desviarem o olhar que entendi que não podia confiar em quem não confiava em si mesmo, e foi assim que aprendi a ter confiança,  dessa forma mereci de volta a confiança de quem me encarava. Foi vendo o outro estagnado que busquei me movimentar, e vendo o outro fugir que criei coragem pra enfrentar, foi vendo o outro se afundar em mentiras que busquei desesperadamente a verdade, e ouvindo delírios alheios que eliminei os meus próprios; foi vendo o como relacionamentos eram quase sempre tapas buracos existenciais que me permiti viver a solidão e foi no caminho mais difícil que eu pude ensinar nos mais fáceis. Eu vi o como você foi rasa com quem foi raso com você, seu nome deveria ser reciprocidade, jamais presenteou aqueles que nunca contemplaram o trabalho duro que você exigia, eu vi o quanto você deu a quem se permitiu, e eu vi você me dar respostas, depois perguntas e me confundir tanto a ponto de eu entender finalmente que se a razão vencer a emoção, a vida perde o sabor, e que se caso isso aconteça conosco, devemos seguir gentilmente respeitando as razões e emoções alheias. Eu vi você tirar de mim todas as muletas que eu poderia usar, eu vi você me matando, eu vi você me fazendo sofrer repetidamente de forma intensa, me tirando tudo, até eu entender em quem eu unicamente precisava confiar. Você me balançou, me testou, e ainda vai me balançar e testar, e eu duvido que isso algum dia se torne fácil, mas você não me preparou dessa maneira pra agora eu resolver fugir, você me preparou para trabalhar ao seu lado e sem ilusões, apenas com a consciência e no agora.
Foram livros e textos, códigos escondidos em sinais, conversas sem fim, direcionamentos, rebelações após revelações, tudo para me ater ao simples, tudo quase quebrando os limites da sanidade para merecer a claridade.
Com você eu entendi que a terra precisava de ajuda, com você eu aceitei o quanto eu era pequena, mas que mesmo assim precisava fazer a minha parte e que essa era a única maneira.
Eu vejo o tempo todo nos outros e em mim, mas quando você entra pra me ensinar, eu vejo que não existe o outro. Você não me julga, me ensina, e não passa a mão na minha cabeça, mas chuta a minha bunda das zonas de conforto... Basta você me mostrar uma puta merda de verdade que eu volto pro meu lugar de conforto que é sofrer, chorar, fugir, me afastar de tudo, dizer que não consigo, que quero desistir, que não sei o que fazer.. esse sempre foi um lugar fácil para eu estar, mas eu entendi que você não vai fazer o trabalho sujo, terei de fazer meus milagres e mudanças sempre por mim mesma. Eu vi tanta gente fugir de você, mas eu sei que fugiam de si mesmos, mesmo assim as vezes eu só queria mesmo é poder fugir de mim também... Mas sempre que estamos chegando perto do nosso encontro, me levanto cedo, com coragem e te procuro outra vez, pra você me mostrar um pouco mais dessa pessoa que eu quero e preciso tanto aprender a amar e depositar minhas melhores energias. As vezes me engano achando que poderei me perder de volta a propósitos banais, mas você não me permite autoengano, me leva de volta e mim e sabe que esse é o seu papel. Você não da a cura mas nos ensina a fabricar os nossos remédios, as nossas artes, as nossas musicas, danças, buscar a nossa felicidade vivendo um dia de cada vez. Abençoados os que aceitam de verdade o desafio. Você é tão humilde que jamais tomaria para si o mérito dessas vitórias, você nos vê crescer e não nos pede pra ficar.
Eu entendo agora que as visões eram rastros, que as entidades e personalidades os arquétipos que vinham de dentro, de uma cadeia de DNA pronta, contendo toda informação necessária, pois tudo vem mesmo de dentro e por isso eu sei qual a única pessoa eu devo confiar, e por isso jamais colocarei novamente a minha vida nas mãos de nenhuma outra pessoa ou ser. Você me deixou caminhar e descobrir por mim mesma que deve ser só minha a responsabilidade das minhas escolhas. Que ao querer tanto libertar o outro do mal, as vezes nos tornamos o mal e você me deixou viver e sentir na pele, me deixou absorver e me transformar, amar, me abrir e depois me fechar, odiar até conseguir transmutar, trabalhar o perdão, o auto perdão e a libertação. Você só quer que eu seja livre, e não se conforma que eu me apegue tanto as minhas correntes, você também paga o preço, quer tanto o meu bem que as vezes se torna o meu mal, mas me deu um lugar nessa corrente, e eu não vou ser o elo que vai deixar que ela se arrebente.

domingo, 18 de setembro de 2016

casal



ela está confusa, é uma tremenda perda de tempo pensar em tudo isso, até porque, se pensar bem vai ver que caminhar em direção ao conforto faz dela uma piada pronta, faz dela aquilo que ela temia tanto ser; a patologia viva e resistente de seus pais.
Lá vai ela, 21:41, noite de domingo, um mendigo grita ao outro que vai mata-lo e não se entende bem os motivos pois os gritos são abafados pela escola de samba vai-vai, que ensaia para o carnaval. Carrinhos de sucata estacionados a esquerda, ela passa no meio, a sua direita corpos deitados, o companheiro a atravessa "Que cara louco". Esquiva da miséria, mas a consciência alfineta na barriga, uma azia querendo abrir um buraco no estômago, enquanto tantos ali vivendo a fome, sua barriga cheia desfilava e ninguém além dela pensava ou ligava. Comeu por três ou mais e por isso faltava comida para três ou dez alguéns no mundo. Mas é questão de saber viver e vender, eles não souberam e a fome é um dos preços que se paga por não se adaptar a selvageria moderna.
Ele caminha confiante, o destino que o desafiava a ser humilde o fez mais grosso e arrogante, um monstro fino de belo trato, acredita ter ganhado o jogo, pois está disposto a se vender. No bolso do casaco dois segredos para felicidade, dinheiro e fidelidade, manter as aparências custa caro e ele sabia o quanto pagava por todas aquelas imagens. Ligados como que através de uma corrente elétrica invisível, não conseguiam se livrar da rotina corrosiva, ela estava confusa, mas não sabia pensar por si só, e tentar era uma tremenda perda de tempo, tudo parecia no lugar, então porque não estava em paz? Olhando bem era fácil perceber a rachadura no seu mundo, autoengano, preferia afundar em seu frágil barco de omissão, acreditar que se esse mundo acabasse não existiria outro para viver. Ele oferece um presente, o segredo é tratá-la muito bem para que nunca de fato ela se permita perceber. Ela deu a ele uma filha, ele pede que ela sempre amarre uma fita branca na cabeça da criança, assim quando ele chega e a vê brincando, sente imensa paz. Talvez seja isso a felicidade, não temos culpa que nem todos possam experimentar... Mas nem mesmo a bela decoração, o carro, a vida aparentemente perfeita consegue esconder que debaixo de cada molécula comprada, a estrutura é feita de mentiras bem intencionadas. Sim.. boa intenção, motivada do mais puro egoísmo.
De noite ela sonha com um casarão onde ela sobe as escadas, a iluminação é artificial, um sonho lúcido, uma mulher grande de cabelos de fogo a recebe, o ar sugere bruxaria, e na trepidação do pensamento inconsciente a cena avança, já está na cama com uma antiga colega de escola, seminuas:
“o que estamos fazendo aqui?”
“vão nos filmar!”
Não sente repulsa, nem remorso, elas vão fazer pelo dinheiro e o sistema social não é assim? Jamais faça algo em que você é bom de graça! A mente procura rapidamente razões justas para socialmente ser sujo ter o sexo observado, qual era a maldade em ter seu gozo registrado? Mas aos poucos a exposição lhe invadia, a vergonha do que iriam falar,  sua reputação, sua moral em jogo, nada poderia valer mais, desiste. Se levanta para procurar suas roupas e na trepidação do pensamento inconsciente a cena avança, ainda no casarão, se ve em uma sala, o chão de madeira é pintado de branco, sete homens de meia idade, cabelos grisalhos, carecas, cachimbos, charutos, conhaques, bigodes. A cena é limpa, nada ali sugere corrupção ou sujeira. Da esquerda pra direita o segundo se levanta, envolve-a em seus braços, são os investidores de obras pornográficas. “Eu esperava que você resolvesse ficar” e envolvida no abraço de um completo estranho, desperta em sua cama sentindo-se vampirizada.
Ela está confusa, é uma tremenda perda de tempo pensar em tudo isso, até porque, pensando bem ela não se sentia de fato imoral, quem eram os sujos? A mulher que a aliciou? Os investidores de perversão? E ela vitima da situação? Não, ela não se incomodava em ser tocada, desejada, não se importava com as câmeras, no seu intimo vibrava com a possibilidade de ser vista, desejada, causar ereções, formigamentos e aceitaria o dinheiro se tudo fosse real. E ele? Ele estava impregnado nela e dela, já tinham se corrompido muito antes, se vendido, vendiam ilusão, e ele a comprava como ninguém, o tempo todo. No café da manhã ele era um vencedor, um vendedor que tinha tudo nas mãos, mas aos poucos ela rachava, apesar dos esforços dele em mantê-la anestesiada, ela havia cruzado a linha em um lugar onde não precisava e nem podia mais se enganar, ela habitava agora sua própria consciência.  

domingo, 14 de agosto de 2016

agora em botafogo

-Parece com alguém que se perdeu do rebanho.
-E sou, me perdi.
-Existe sempre um caminho para quem se perdeu, basta encontra-lo. Não existe um lugar que gostaria de ir?
-Nem em vida, nem na vida após a morte...
-Talvez então tenha apenas se perdido de Deus.
-E você já se perdeu para saber? Já se perdeu de você? Das pessoas que ama? Perdeu a calma e a coragem? A vontade? Perdeu a alegria? Os sonhos, a esperança a ponto de sentir que foi Deus quem esqueceu de você e por fim...
-Ei, espere um pouco, nunca lhe disseram? Perca tudo, só não perca a..
-Só não perca a fé! Pois eu a perdi... que descuido de minha parte, não é? Perder as coisas assim...
-Pois te olhando confirmo e me agarro a minha própria, é mesmo muito perigoso perdê-la. Perder a fé leva a perda total do juízo, nem nos céus nem na terra, pra quem perder o juízo não existe salvação.
-Não faz muito tempo, eu já fui alguém que acreditava em tudo, tive excesso de fé, e agora a tenho escassa. Me devastou acreditar em tudo, pois agora me dou a chance de me devastar por não acreditar em nada.
-Em algo deve acreditar, não há existência que suporte a vida incrédula, todos acreditam em algo, que seja em exatas, que seja na vida material.
-Pois não acredito em mais nada, meus estudos espirituais me tiraram a crença da vida material, e a vida material me tira a fé da vida espiritual, vê? Estou no marco zero, me sobrou o nada.
-Acreditou em ilusões, a vida na terra é ilusória, mas é real, a ilusão pode ser verdadeira, é louco quem se importa apenas com a razão, como podem duvidar daquilo que sentem? Como duvidam da energia, da magia divina e da força maior que move tudo?
-Os sentidos enganam, estamos todos enganados, não há um ser vivo que saiba de fato onde vai, mas circula, pois a fé os guia, pois sem a fé se perderiam em si mesmos... E bem, eu já me perdi, quem sabe não seja um caminho sem volta? Um beco sem saída? Não há causa que me sopre a vontade da vida, não há destino que não termine fatalmente no nada e cada vez que me pego a acreditar em algo, me alcança a razão de que não vale a pena lutar. Assim estou agora, consciente de solidão e é isso somente, não acredito em deuses, deusas, destinos, sorte, azar, futuro, não acredito nos conselhos, não acredito na caminhada, não acredito em vocês, por fim, não acredito em mim. Quem não crê em Deus fatalmente deixa de acreditar em si mesmo e se não fui eu quem outro dia disse "temos o tudo e temos o nada, e somente existe o tudo, porque do outro lado da balança existe o nada", e foi a caminhada me levou ao outro lado da balança, o nada.
-Sinto que não devesse estar onde se encontra, caminhou para o nada antes de seu tempo, por isso se perdeu. Não acredita você que muitos sábios avistaram o nada mas escolheram a caminhada? Preferiram ir a algum lugar, talvez para não enlouquecer em meio ao próprio saber?
-Sei que sim, e caminhando tiveram duas opções: Tornarem-se santos ou tornarem-se hipócritas. Talvez tivesse eu até vocação para santidade, mas dentro de mim sempre me julgaria hipócrita.
-E não crê em destino? Que está conversa foi premeditada por algo maior? Me sinto aqui em missão de resgate, é maior que eu acreditar, querer acreditar, sinto que esta no meu caminho por alguma razão, testar minha própria fé, te tirar da escuridão a que se prende.
-Vem a mim em meio a sua estrada, tentas me convencer a caminhar junto a ti e muitos outros, convencido pelo medo que precisamos ser salvos, mas aqui estou me recusando a circular por ai, te digo que não há salvação, pois não há perdição, prevejo e garanto que se a vida eterna continuar, um dia provavelmente tornarei a circular, não por fé, mas porque a inércia ei de me cansar.  Existem estagnados e caminhantes, ambos alienados, tal como caminhantes e estagnados, ambos esclarecidos. Dos infinitos tipos de movimentos, das infinitas possibilidades de destinos e múltiplos planos paralelos que poderíamos estar vivendo, a asma da solidão adoece, por isso tantos fogem a consciência, se apegam uns nos outros para fugir do outro lado da balança, e eu poderia viver minha vida buscando o tudo, como todos, fugindo do nada, mas no fim, é aqui onde eu iria acabar. Não adianta apontar uma direção para quem não vê mais sentido em caminhar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

detrimento angelical

Acho que salientou o pudor ao se cobrir de mentiras, parecia mas não era, falsificou a própria pele, se marcou e se escravizou ao fingimento. Por fim se calou.
Esse é meu grito, não acredito que tem quem viva sem gritar.
Vi na ocultação do corpo o frio da mente, branco, puritano, vestido do social, corrompendo a pureza do espírito tribal. Existe algum espírito indomável? Acho que não.
Eles cobertos de razão, brincando de invenção, de inventar o descobrimento, cobrindo-nos para depois ter orgulho de seu atrevimento.
Nada pessoal, mas cada um de vocês é nojento, pervertido de julgamento.
vejo exposto por inteiro cada homem incompleto, desesperado por se completar corrompendo, manipulando, fodendo a força para impor a estrutura social, onde tudo é objeto e todos contra sua vontade estão em pecado carnal.
muitos são apenas resultado demente, agem como cachorros em busca do sucesso que vendem.  venderam sua alma ao seu deus,
o poder, o poder ter tudo que lhes convém.
o beijo na boca, o sexo anal, proibido por quem e para quem afinal?
se puder, cuspa em tudo que se intitula criação, novidade, no fim é tudo é produto social, ferramenta pra te escravizar. isso não resolvera nada, tão pouco te libertara, mas essa é a graça de ser um rebelde, irritar pelo prazer de irritar.
andam dizendo no comitê de reviravoltas que só quem obedecer ao diabo no corpo salvará a si mesmo e ao planeta terra. Sim, parece que o capeta é o fim da estrutura social, tudo que vem dele corrói a bolha do conformismo angelical. Parabéns a todos os endiabrados envolvidos. Parece pesado, mas até que é bem divertido.
 

jardine

pernas abertas de frente a um reflexo,  na analise detalhada da ponta do dedo o olhar curioso tocava as pétalas, as peles; provou o gosto, aprovou seu cheiro, dividiu seu sabor, chamou. eu abelha lhe sugava o sumo, o jardineiro semeava, hora florida, hora deflorada, hora colheita, hora terra arada, hora mel, hora picada, pra cada hora na natureza o instinto falava, na lua certa que  irradia, seu aroma inebriava, semi guiando pela energia, dando sentido ao jardineiro, dando propósito a abelha, será que é feliz essa flor? é de se preocupar o desaparecimento das abelhas, possuem elas importante papel na polinização.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

vigésimo sexto ano

Uma das minhas primeiras percepções como mulher que agora sou, é que nunca estive tão perto dos trinta, por isso a primeira atitude a ser tomada era aumentar o raio de interesse nas pessoas do tinder para até 32 anos. Me pareceu a atitude mais cabível já que tenho incapacidade de pensar em ter alguém ainda mais novo e irresponsável que eu ao lado, é isso né, gente adulta tem que ter adulto do lado, estar num mundo adulto com quem sabe das coisas que só quem já é adulto sabe, porque só se tornando tem como saber o que é ser adulto e não apenas jovem adulto. Concordo, tem jovens de 18 anos mais adultos que eu, nesse caso teremos que nos conhecer em outra rede social, espero que na rede social chamada vida. Fora a questão social, percebi que após abandona-lo aos 5 anos de idade, numa trágica e sofrida ida a praia com um maiô apertado, agora que tinha me tornado mulher estava novamente permitido o uso da peça, não vejo a hora de ficar sensual e mulher adulta dentro de um maiô. Acho que pressupus que a media de vida humana agora é 100 anos, por isso sabia que passar dos 25 era completar 1/4 da minha vida. Por um lado ainda tem coisa pra caralho pela frente, o que me tira o peso de muitas das aflições e ansiedades de completar as pressões sociais tão invisíveis e tão reais que inutilmente me perseguem, porque afinal sempre preferi uma boa aventura que uma boa chance de segurança e estabilidade. Nos meus últimos seis meses de 1/4 de vida eu vivi uma penca de coisa doida, solitária, profunda, conheci pessoas completamente aleatórias e maravilhosas que aprendi a amar, travei uma guerra contra tudo aquilo ao qual me amarrei, para ir em busca da tão filosófica liberdade. Uma das lições mais valiosas que tomei sem gosto: Somos todos escravos.
Escravos de ideais, desejos, sistemas.. estamos presos e na maioria das vezes a busca nos torna hipócritas. Mas não é porque temos nossas penitencias e cometemos nossos erros que a gente tenha que fazer disso algo pior do que realmente é... as vezes é mais fácil deixar os livros, os estudos, os trabalhos, tudo de lado e só jogar uma partida de candy crush, aceitar que você não tem poder, não tem liberdade, não tem chances, mas tem 8 vidas pra morrer em uma fase difícil e que aparentemente a quantidade de livre arbítrio que lhe cabe, permite que você desperdice seu tempo útil de vida com essa atividade que você msm julga inútil e esdrúxula, mas que mesmo assim pode ser muito bem acompanhada de brigadeiro, uma serie de tv aleatória que no fim das contas é um ótimo produto de conformismo do mundo que você vive e cumpre bem o propósito de te fazer sentir melhor com o seu vazio existencial. Tudo se torna mais simples na medida em que as suas expectativas abaixam, tem gente que fala que depois dos 30 é ladeira abaixo, ou depois dos 40, sei lá mano... Acho que as pessoas falam isso porque já começaram a subir o morro e já devem estar vendo o pico mais alto pra pensar na descida... eu sinceramente toda vez que começo a subir se pá dou uma fugida e deixo pra depois. Não sei porque, mas agora mesmo eu penso: "Não da mais pra fugir, nega.. chegou sua hora".. e deve ter chegado mesmo, talvez eu tenha me tornado mulher, me tornado não, acho que me fiz, fiz por onde.. andei um bom bocado, adquiri experiências interessantes, sinceramente estou orgulhosa, fiz um ótimo trabalho com o que tinha em mãos. Eu to feliz, me sinto de alguma forma realizada nessa etapa que correu, tenho certeza que o melhor ainda nem começou.

:)

domingo, 17 de julho de 2016

guardiao

-Esses males são seus?
-Não sei bem, preferia que não fossem, será que não é de alguém que passou e deixou por aqui?
-Estou aqui apenas para te abençoar, se você falar que não são eu te abençoo, se falar que sim terá a minha bênção da mesma maneira.
-Eu reconheço isso, lembro de uma prima que tinha algo parecido...
-Acha que pode ser dela então?
-Não sei, não nos falamos a tempos... Como falei, ela tinha algo como isso e justamente por isso brigávamos muito, mas de qualquer forma, não seria melhor chamar alguém pra tirar isso daqui?
-E colocar onde?
-Não sei, não podemos jogar fora?
-Fora de onde?
-Fora ué, jogar fora, sabe?
-Olha, não sei qual conceito de fora você tem, mas como estamos aqui acho que devo lhe avisar, não existe um fora.
-Como assim não existe fora? Pra onde vão as coisas então?
-Vocês as escondem o tempo todo, o que vocês chamam de jogar fora é na verdade esconder de seus olhos para que não possam mais olhar e encarar o mal que lhes causam. Como esses sacos com as limpezas que vocês "jogam fora", pra onde você acha que eles vão?
-Então aquelas coisas que eu achei que tinha me livrado só estão escondidas? Pior, estão largadas em um canto qualquer procurando um caminho de volta pra mim?
-Olha só, bem antes de você existir, existiram uns répteis gigantes por aqui, e mesmo desaparecendo deixaram para trás algo, esse algo quando descoberto virou combustível, maquiagem, coisas de plástico, chicletes, sacos plástico que vocês usam pra "jogar coisas fora", entre outros fins. O combustível vira fumaça, deixa resíduos na atmosfera, o plástico vira muitas coisas, mas quando quebra é jogado fora, e esse fora é dentro de um lixão, onde ainda vai demorar umas centenas de anos para se transformar em outra coisa. Então mesmo que fossem jogados no espaço, o espaço ainda é dentro do universo... Bem, a verdade é que não existe fora, não existe um lixo de descarte daquilo que achamos que não serve mais, existe apenas transformação, e mesmo assim, mesmo transformado, ainda estará lá de alguma maneira.
-Mas não poderíamos abrir um portal para outra dimensão e só mandar isso pra lá? Descartar em outro lugar?
-Se é isso que você quer acreditar, posso fazer isso por você, mas de qualquer forma seria esconder em um outro lugar.
-Poxa, isso é difícil... Eu não tenho o como me livrar das coisas então? Fica tudo escondido?
-Alguns sempre vêm, mesmo você achando que escondeu ou jogou fora, são olhos apurados para além do véu de ilusões. Mas pelo que sei você também pode aprender a transmutar esses males em outras coisas, chamam de alquimia, parece divertido, outra opção seria esquecer tudo isso novamente e continuar a sentir bem estar ao achar que esta jogando tudo fora.
-Queria o bem estar, estou um pouco triste, joguei muitas coisas fora sem as reciclar, achei que tinha apagado tantas outras coisas também, o que faço se elas ainda estão por ai? Vou ter que encara-las novamente?
-Está tudo certo, esse portal que você acreditava existir, esse local ilusório de descarte na verdade está dentro de você. É como quando chega o verão e você guarda os cobertores maiores naquela porta mais alta do seu armário, mas cedo ou tarde o inverno chega e você sobe na cadeira, abre o armário e pega os cobertores mais grossos para tempos em que o sol não aquece tanto, esse é um exemplo tranquilo porque aqui nessa situação você já sabe que precisa do cobertor. Você ainda pode encontrar essas coisas por ai e dar outro olhar pra elas, mesmo no planeta, o lixo que você produziu e tentou esconder aparece hora ou outra por ai poluindo os rios. Tem muitos lixeiros para levar e esconder o lixo, mas poucos recicladores, é mais fácil acreditar em portais de sumidouros, não pensar pra onde as coisas vão, não é?
- Então isso é mesmo meu, só voltou a me encontrar...
-Podemos dizer que é nosso, posso te ajudar a carregar, tento não ser hipócrita, me identifico com todas as coisas e cuido delas. 
-Você faria isso? De onde vêm essas coisas ruins?
-De nós mesmos, somos isso tudo.
-Você é como eu?
-Sou diferente, mas também sou parte disso tudo, por tanto também sou como você.
-É difícil saber que isso é meu e não poder jogar fora..
-Mas tantas outras coisas que você considera boas também são suas, para que se culpar pelas que não compreende? Não seria melhor aprender com elas, encarar? Assim como fez comigo?
-Você?
-Sim, sou um fruto seu, você me plantou na sua consciência criativa para eu te cuidar, ajudar e te lembrar caso você viesse a esquecer.
-Como posso ter te criado?
-Tudo vem de dentro, é como quando descobrimos algo, a palavra já diz... só estava coberto, escondido, mas já existia, estamos só redescobrindo. Mas não esqueça que também estou aqui pra te confundir, te fazer entrar em conflito, até que possa por conta própria perceber que suas crenças, seus preconceitos, seus medos estão todos em volta daquilo que você desconhece, não compreende e por tanto julga como ruim.
-Mas isso é tudo aquilo que eu luto contra, eu luto contra os preconceitos, luto para que minhas crenças e escolhas de vida possam ser respeitadas, como posso ter me enganado tanto achando que isso não era meu?
-Te levaram a acreditar que existiria uma condenação caso isso fosse seu, por isso você prefere negar, tenta disfarçar. Podemos sim seguir passos que foram deixados, por um tempo pode servir, mas como cada um é único, em determinado momento verá que aqueles passos levam a verdade de outro ser, e não a verdade que vem de dentro, por tanto cada um terá um caminho diferente. O certo e o errado, o sim e o não, partem de você, do que você viveu e quer viver, essa é a dádiva de ser um ser cocriador.
-Você é meu anjo?
-Sou o que você quiser que eu seja, seu anjo, seu demônio, seu amigo, inimigo, pode me chamar de cosmos, universo, nomes pouco importam quando apenas somos, e eu sou aquilo que fizer de mim, aquilo que emanar para que eu seja, serei exatamente como me pintar, como me criar, exatamente como precisar que eu seja. Se escolher a dor serei carrasco, mas depois trarei também aconchego. Se escolher culpa trarei a doença, mas sem ela não teria a cura. Enquanto precisar acreditar, terá malfeitores e benfeitores, mas só quando assumir a responsabilidade vai viver a verdade, parar de fantasiar a culpa e aceitar que tudo que existe no seu universo é criação e atração sua.
-Acho que por enquanto só posso agradecer por me fazer entender e esclarecer tantas coisas. Se tenho tanto o que aprender, quantos ainda não estão se iludindo, se enganando?
-Já parou pra pensar nas bilhões de entidades e manifestações que existem? Não teríamos guerra se todas estivessem certas, mas não temos a paz justamente por ao quererem estar certas, precisam que as outras estejam erradas. Criaram um Deus único talvez tentando eliminar as guerras, dando um só caminho para todos os caminhantes, mas o que aconteceria se o seu Deus fosse o Deus de todos? Teríamos muitos males renegados e escondidos porque você ainda não assume responsabilidade pelo que cria e atrai.
-Prefiro acreditar em bilhões de deuses e verdades do que deixar que acreditem nas mentiras que me faço acreditar para fugir da culpa.
-Quer que eu leve embora a culpa?
-Posso transformar ela em outra coisa?
-Mas é claro, te deixarei a sós com sua imaginação, boa criação;

segunda-feira, 11 de julho de 2016

chão de fabrica

bate ponto, bate estaca,
bateu ao som da repetição.
bota de couro, boca de graxa,
gosto amargo, fricção.
a rotina é o mantra
do maestro das maquinas
que cozinha a mente pela audição,
pra livrar o vazio dessa vida sem graça
se debate em pé sem razão.
impulso liberado do comprimido tomado,
borbulha a agua do corpo com a vibração.
boca seca, demanda de atividade
a todo vapor na fabricação 
serotonina, dopamina, mais diversão.
beijo mordido, amasso explosivo,
viver sem sentido e sem direção.
fim de expediente, sensação de contente,
sempre experimente perder a razão.
 

domingo, 10 de julho de 2016

sem sentidos

fiz e refiz da maneira que aprendi.por amor me escondi, fugi, calei,
brinquei sozinha num canto do quarto.
por amor eu desapareci,
me tornei invisível
para não ser mais um problema.
por amor me anestesiei
me esqueci
depois tentei acordarmas por amor eu voltei a me anestesiar
por amor não me permito mais sentir
por amor não me permito mais amar.
pela dor que me faço aguentar
aceito a anestesia
para que por amor ainda possa me machucar.

domingo, 3 de julho de 2016

seria diferente essa conversa se não fosse nessa cama, os olhos seriam outros.
não fosse assim, não acharia o tempo de descansar em mim o repousado olhar de tristeza,
esse de quem não tem mais o tempo de viver, esse que outrora sequer se deu o tempo de pensar,
quanto mais achou tempo para agir de forma que não fosse atrapalhar o tempo de ter que viver aquilo que tinha e por isso frágil mantinha.
aparentemente
a minha força deveria estar na minha fragilidade, escondida em algum canto piando pelo ninho. não estava. eu era tão forte e tão frágil quanto o outro, mas perdia peso rapidamente por não querer alimentar minha mente com o alienar desse fingimento eloquente.
seria diferente essa conversa se ainda tivesse em mim o tempo de vida que todos seguem fingindo ter. seria diferente se eu tivesse esperança em dias melhores. seria diferente se eu estivesse depositando minha fé nas minhas sementes, nas caras que eu nem vi brotar no mundo mas já estaria errando ao mal traze-las e já tomba-las com o peso da responsabilidade da minha futura, arquitetada e planejada felicidade. coitadas.
é fácil viver sem sentido. quer ter razão ou ser feliz? quem quer ser o cancêr que falhou a revolução da evolução? foi ele quem buscou um sentido nisso tudo pro resto seguir? é assim que começa a dar errado? mas vai que dava certo...
as vezes a doença é cegueira, as vezes não, as vezes a doença vira a má função de digestão da quantidade de lixo que uns tem que engolir pra regozijar a felicidade dos outros.
seria diferente se eu quisesse deixar uma boa impressão, mas bom e mau é conceito criado por alguém, nem sei quem. não conheço o bem, tão pouco o mal. conheço a verdade, o agora, depositados aqui a cada momento... conheço sim também o depois, o antes, mas só em pensamento, não vivi o cem por cento. sei de tudo, da dor que vivi e da que não vivi. da covardia, do egoísmo a custo de um conforto, de um sono gostoso que veio prensado, embalado de barriga cheia de doce e sonhos de quem escolheu ver a tela cheia de cores animadas... uma meritocracia já conquistada, abençoada pela mais profunda hipocrisia cravada em um bom merecedor.
o que é merecimento se não uma forma bela e confortável de dizer ao outro que tudo bem lhe tomar a frente, que tudo bem ser dono do pódio, que tudo bem tornar-se proprietário, dono, inquisitor, único e soberano. afinal por mérito já é capaz de descanso, descaso, fingimento e muita manha se de imprevisto vem algo reivindicar um pouquinho que seja desse merecido império de ilusões.
seria diferente se eu eu tivesse tempo a perder, se cada segundo não estivesse contando, se cada puxada de ar não fosse a própria pausa no tempo que falta pra partida. de certa forma ainda me escuta, ainda me olha, ainda me ama por cada instante de vida que me agarro antes de partir.
atenção redobrada já que a respiração contada.
é diferente quando a gente sabe que vai morrer. num segundo se agarra a esperança de que exista mais tempo, que se realize uma vida plena... no outro se entrega ao alivio do não esperar mais nada, descansar em paz sem culpa ou dor por chamar conforto de amor.
vai-se o ar, morre um instante, agora que sabe fica inquietante,
se vai viver a vida com a morte de lema
ou se segue a cartilha e disfarça com um poema.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

tornado

me sentei no cume da beirada, assistindo os filhos da terra com medo de verem e ouvirem seus pais fecundando.
raios, trovões, bruta energia de criação, o céu fertiliza a terra, a terra quer a gestação.
o vento trouxe chuva, trouxe vida... então é isso, é disso que todos têm medo, medo de viver.
senti saudades, senti saudades das dores que me motivaram a mudar, que me motivaram a criar, que me motivam a vir até aqui fazer aquele som, aquele que não foi feito.
eu me esqueci, e quando esfriei, lembrei que isso era crescer.
foram duros aqueles presentes onde doei toda a minha presença e ela foi desperdiçada,
depois disso não quis reagir a mais nada, trancada em retirada, de partida e magoada.
foi bom estar cansada de sentir-me enganada, é bom não ter medo de nada.
dizer foda-se pra essa palhaçada, deixar pra trás quem acha que existe estabilidade,
deixa só o barco dar uma virada~que seja eterno enquanto dure~ sem liberdade acaba
enganada, enganada e enganada. a que julga é igual a julgada.
chega a dar nojo da mentira gostosa de ouvir, chega a dar odio do santo que se faz passar,
chego a ruir, chego a pensar em debandar. permaneço pra ver se vejo mais alguém sair
da sansara de ilusão, de toda crença criada, de todas as fabulas contadas,
da religião e do sermão...é tudo ilusão!
sai do labirinto da questão, rodopiando com a razão~
esperando despertar, quem mais está pronto para questionar?
sem medo da resposta que vai vir, não temendo a verdade que vai escutar.
quando tudo estiver pronto vem me procurar,
ser feliz se descobrir, que já pecou ao imaginar,
fundindo os basicos da criação, o desejo é motivação e o errado é pura ilusão,
pra se perder sem medo e se descobrir, se entregue a confusão, fixando os olhos no olho do furacão

.

Sol da meia noite.

Janaína, lá vem uma onda tua
continuo aqui a observar
sem saber se molho os pés
ou me arrisco a mergulhar.

Tu pra mim é a rainha do mar
mas me disseram que não é orixá,
que a umbanda emprestou da África uma linhagem Iorubá
mas que a umbanda não era isso,
que a encantaria lhe cairia bem,
que demanda é ilusão de quem a tem.

Vou aceitando a desconstrução,
abrindo espaço para novos conhecimentos
tiro de mim algo ruim,
a realidade esmaga a ilusão
e já não existe mais tormento.

Deixo a onda levar
o que foi construido em volta de teu lar,
dona sereia, quem seria tolo de proteger castelos de areia?

terça-feira, 26 de abril de 2016

progresso no processo

chapuletada de tropa desarmada, eita surra danada.
amuada, afugentada, deprimida e comprimida,
a confusão foi permitida pelo próprio desentendimento de saber
que o risco de tentar, é a metade da chance de errar.

mas só queria ajudar, queria ajudar o outro a se achar,
usando da psicologia pra se livrar da culpa de não saber como levar,
mas do ponto que se envolveu, o que recebeu passou a ser seu.
complicado se envolver, mas se não envolver como saber?

se deixou afundar pela correnteza do mar,
ouviu o canto da sereia batendo a calda na areia.
mistério e magia, camuflando segredos, pois criança com medo
acalmamos com ilusão e a tristeza é ver ela partir o coração
quando o folclore criado é desmistificado.

criança ferida, inteligente e querida
mas sempre tão pensativa, procurava na vida
sempre enxergar a razão.

medo de responsabilidade, medo da sociedade
queria coragem para amar, coragem pra criar
criar uma cria, pra encher de carinhos,
cobrir de beijinhos, ajudar a crescer, cantar pra acalmar.

chega de choramingar, deixa fechar a cicatrizar
permita se curar, se permitindo se doar para de outro cuidar.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

erenãominta

a febre volta e a garganta sangra, meu verbo quer rasgar os meus segredos, a minha pele continua a queimar, por onde ninguém vê o rio da vida ferve, eu preciso escutar minha respiração e agradecer, agradecer a inspiração da vida, a expiração que lembra que o tempo é dono da morte. fecharam os caminhos até um campo minado, um campo de concentração pessoal, no qual reconheço o sentimento recorrente de não pertencer a mais nenhum ambiente. respira. quantas vezes só cumprir o meu papel? quantas vezes meu papel foi só passar, ver todo mundo se encontrar? muita agua correu aqui, muito passou, quanta força eu tive que fazer, quantas vezes o destino venceu e me levou. todos se encontrando, eu sempre me perdendo, sendo afastada por forças que me dizem ser guiadas. cigana, que não aprendeu a ser dissimulada. eremita, tão cedo.segura o choro, afasta o medo. nathali, seja sempre corajosa.

quinta-feira, 24 de março de 2016

des-espera.

o choro dela não é por você.
o esforço, o suspiro, o jeito arrastado,
as palavras, o eufemismo, a poesia,
nada disso tem você de pano de fundo.
as musicas que ela escuta, o olhar deprimido.
não é você quem ela encontra no pensamento perdido.
no fim das contas ela não está mais te esperando,
você não é mais a causa da insônia
e tão pouco será a solução do problema.
num golpe lento você a deixou pensar que sim
por medo dos danos e machucados,
por pena, por dó talvez.
mal sabia que ela prefere morrer
num bruto golpe honesto,
que definhar com mentiras e esperas.
a quanto tempo você a manteve esperando?
quanto tempo achou que ela esperaria?
é preciso que alguém te diga que
ela terminou o relacionamento com a espera,
e agora vai se apaixonar, se entregar e amar
apenas o que como ela já não pode mais esperar.


quarta-feira, 23 de março de 2016

roseira

Num canteiro bem cuidado,
com alecrim e manjericão,
a beleza se fez na terra
botão, por botão.

Brancas, vermelhas, amarelas,
guardadas por espadas de ogum,
inspirando romances e poesias
no emaranhado de caules e folhas,
suaves pétalas surgiam.

Mas como o destino se faz variar,
um dia uma rosa amarela,
pela violeta se viu apaixonar.

rosas apaixonadas,
cheias de espinhos
temendo se machucar.
Do medo o cuidado,
do cuidado o fim amargo.

Colheram rosas brancas para simbolizar a paz,
vermelhas para a paixão de um rapaz,
as amarelas aos orixás
e as violetas ficaram mas sem amor murcharam.

Quem plantaria uma roseira?
Uma perto de uma cachoeira,
para Oxum abençoar
que um amor tão genuíno
pudesse ali reencarnar,
sem o medo de uma guerra começar.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Quem está ai?
Eu caminhava por tantos lugares em busca de companhia, em busca daquilo que me completasse. Fui aos becos e aos vales, ao alto da montanha e me banhei no oceano. Nos olhares os mistérios, nos sorrisos os desabafos, quem está ai? No pouco que me diziam, procuravam me mostrar quem estava lá, eu estava, mas não me enxergava. Eu ia com eles, e seguia as oportunidades, quem está ai também possui tantas vontades? Experimentei os sentimentos, os sentidos aguçados, o corpo sendo testado, para que eu pudesse vivenciar. Do amor eu me esquivava pois era professor também da escuridão, do apego da matéria, da dor da ilusão. Me afastava, me repelia, quem está aqui? Esperava o prazer de infinita companhia, de sono dividido, de jantares preparados, de problemas resolvidos, de prazeres escondidos nas quatro paredes em que finalmente me entregava. Descansava da incessante busca exterior, enfim só, a sós me encontrei em mim, dormindo em calor preguiçoso após o gozo dessa solidão sem fim.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

não-relação

meu maior problema sempre foi a comunicação
sempre ficava doente por não saber me comunicar
o que penso não combina com o que consigo falar
e o que eu sinto, ninguém consegue imaginar.
eu tento expressar, me esforço de verdade
eu canto, escrevo, conto minha visão
mas você não vai entender 2% de mim
se pensar só no que consigo mostrar.
eu tenho partes soltas por dentro
que se chocam o tempo todo
as vezes tento só não me moverpra não esbarrar em mais nada,
mas não consigo ficar parada
percebi que relações são feitas de pequenas ações
mesmo quando você não se relaciona com nada
pode acabar sendo relacionada
e quando falamos criamos uma tensão
que sem ação, vira energia parada
faz a relação ser encenada
e a não-relação cresce
até que não sobre nada
além das expectativas frustradas.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

despidys

mostrava-se torta
não tirava vantagem
abria a janela
abria a porta

as uniões aconteceram todas na fragilidade
pois no auge, quando estávamos bem
não precisávamos de ninguém.

foi no tombo feio da nossa mediocridade
que fomos expostos a nossa humanidade
e ali despidos do orgulho e da vaidade
demos passagem ao amor e a compaixão

mas estamos subindo um degrau
e caindo três sem humildade.
de volta as almas vestidas e armadas
mesmo com a carne pelada, nada se vê.




quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

vida que

Abro um link ou outro, mas não leio tudo sempre, geralmente eu não leio nada, passo o olho e me dou por satisfeita em ter entendido superficialmente. É isso o que você faz aqui?
Entende superficialmente minha mente?
Já se passaram algumas horas e eu ainda não consegui decifrar os erros dela, a verdade é que quanto mais a gente procura, mais enlouquece. Tudo continua mudando e o que esta definido fica lá, sendo o padrão que hora ou outra vai te atrapalhar. Poderia, e já até me irritei, mas não queria que ela fosse diferente, eu amo essa cabeça a qual convivo 24 horas diariamente.
Eu me viro do avesso, tenho bruto prazer em perder esse tempo, deixando fluir meu desconhecimento. É tudo uma doideira, todos sabem, uns tentam bloquear a doideira, outros nem tanto. Quer fechar a torneira? Ótimo, seja apenas racional, resolva os problemas, evite os problemas, viva como manda a sociedade, viva como manda a vontade de alguém que diz que é assim que tem que ser, por tanto é assim que você vai fazer. Eu não era assim, mas aprendi a ser.
No dia a dia eu aprendi a me sentir calma, eu aprendi a me sentir segura, mas também aprendi a não me arriscar tanto. É assim que tenho levado, morna, tanto quanto você ai, seguro do seu lado.
Viver a vida com cuidado, um tédio pelo qual eu tenho que passar.
É um ótimo experimento, aparentemente deste lado estamos felizes na medida certa, somos também muito educados, mas agora tão quietos, não estamos tão mudados, parecemos até estagnados. Conversando à miúdos, de corações atiçados pelo agito dos que nos deixam animados, você sabe, é isso que terá ao meu lado. Se arrependeu dos sorrisos que deu? Ninguém se arrepende de um sorriso que dá. Se arrependeu de chorar? Nenhum pranto foi tanto que não desse alivio pra continuar. Sou tão atormentada que minha especialidade é atormentar, o meu vicio é ver tudo mudar.
E eu vou assim, mudando rápido de onde não posso ficar, agoniada nas correntes dessas mentes, mas com chances de finalmente ter paz em algum lugar.
Tudo é muito simples para quem é tão racional, mas sem um mistico sentimento incontrolável, a vida para mim fica insuportável. É possível ver algo assim se criar onde aparentemente não há?
Irracional demais, onde há, tenho sempre que evitar. Um aviso antes de declinar: Não aceito ser a indecisão racional de ninguém, me queira muito, saiba o que quer e queira muito bem, ou não me perturbe, amém!
Não sou como a esfinge que diz: "Decifra-me ou te devoro."
Não há em mim o que decifrar, eu entrego tudo, basta perguntar, mas se fosse pra acertar, seria mais como um animal: Domestica-me ou te abandono. Se espera da vida algo visceral, eu sou um tormento cardinal, aceito tudo que vier e nos tirar dessa monotonia. Fico apaixonada por qualquer ideia, vou embora qualquer dia, o segredo é chamar e ver onde vamos dar... Sobre me prender, se raramente acontecer, vai ser sem me segurar. E quando eu cansar, eu vou mudar, vou mesmo, observe e verá, do fogo do sol que ascende o ascendente, eu transmuto pra outro tipo de vida e mudo tudo bruscamente. É vida que segue, é vida que me chama e grita para que eu a experimente.