quinta-feira, 9 de junho de 2016

tornado

me sentei no cume da beirada, assistindo os filhos da terra com medo de verem e ouvirem seus pais fecundando.
raios, trovões, bruta energia de criação, o céu fertiliza a terra, a terra quer a gestação.
o vento trouxe chuva, trouxe vida... então é isso, é disso que todos têm medo, medo de viver.
senti saudades, senti saudades das dores que me motivaram a mudar, que me motivaram a criar, que me motivam a vir até aqui fazer aquele som, aquele que não foi feito.
eu me esqueci, e quando esfriei, lembrei que isso era crescer.
foram duros aqueles presentes onde doei toda a minha presença e ela foi desperdiçada,
depois disso não quis reagir a mais nada, trancada em retirada, de partida e magoada.
foi bom estar cansada de sentir-me enganada, é bom não ter medo de nada.
dizer foda-se pra essa palhaçada, deixar pra trás quem acha que existe estabilidade,
deixa só o barco dar uma virada~que seja eterno enquanto dure~ sem liberdade acaba
enganada, enganada e enganada. a que julga é igual a julgada.
chega a dar nojo da mentira gostosa de ouvir, chega a dar odio do santo que se faz passar,
chego a ruir, chego a pensar em debandar. permaneço pra ver se vejo mais alguém sair
da sansara de ilusão, de toda crença criada, de todas as fabulas contadas,
da religião e do sermão...é tudo ilusão!
sai do labirinto da questão, rodopiando com a razão~
esperando despertar, quem mais está pronto para questionar?
sem medo da resposta que vai vir, não temendo a verdade que vai escutar.
quando tudo estiver pronto vem me procurar,
ser feliz se descobrir, que já pecou ao imaginar,
fundindo os basicos da criação, o desejo é motivação e o errado é pura ilusão,
pra se perder sem medo e se descobrir, se entregue a confusão, fixando os olhos no olho do furacão

.

Sol da meia noite.

Janaína, lá vem uma onda tua
continuo aqui a observar
sem saber se molho os pés
ou me arrisco a mergulhar.

Tu pra mim é a rainha do mar
mas me disseram que não é orixá,
que a umbanda emprestou da África uma linhagem Iorubá
mas que a umbanda não era isso,
que a encantaria lhe cairia bem,
que demanda é ilusão de quem a tem.

Vou aceitando a desconstrução,
abrindo espaço para novos conhecimentos
tiro de mim algo ruim,
a realidade esmaga a ilusão
e já não existe mais tormento.

Deixo a onda levar
o que foi construido em volta de teu lar,
dona sereia, quem seria tolo de proteger castelos de areia?