terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dezfecho

 Depois de ter cruzado as portas me procurei onde eu poderia estar, mas não me encontrei nas velhas ações, voltei aos mesmos lugares e fui outras pessoas, foi bom, é melhor.
Quanta ilusão, quanta teimosia em não querer ver, bem diante dos olhos e não aceitar a verdade que dói, dizia eu que aceitar dói menos, é isso.
 Negar a ação, tentar voltar, voltar pra onde? Só existe em frente, pressionando a bolha, mas de dentro. A liberdade tem esse escuro, esse espaço de deixar o outro viver aquilo que acredita, dar espaço é essencial e não perder mais tempo carregando as pedras dos outros, carregando os outros, tentando mostrar o que não se quer ver. Agora eu também tinha espaço para voltar, voltar pra onde? Tudo já havia sido sacrificado e não era por algo maior, era só para que cada um pudesse viver os anseios de seu próprio eu, o seu ego, e isso era importante, mas tinha que ser o mais importante?
 Não há mais o que lamentar, eu merecia sofrer, o outro não, pelo menos foi assim que acreditamos, que me fizeram acreditar. Um tem que perder pro outro ganhar, um tem que ter nada pro outro ter tudo e se realizar... Essa foi a escolha que todos fizeram e que eu compactuei, e agora acabou, que alivio, nos vemos lá na frente então, pois esse se foi e nunca mais vai me alcançar.
Tudo se desfez e agora vivo, vivo o efeito, pois existe tudo a ser feito.
Não há razão para chorar, não há tempo para ficar ou hesitar.
Des~fecho, eu abro, não serei prisão, não compactuarei em pequenas solidões, pequenas uniões separatistas. Escolhi a liberdade e escolhi tudo pois assim escolho nada, escolhi não sofrer vendo os que amam suas correntes e amarras.
Vivi as provações para ser meu próprio guardião e ele não me ilude a querer ser um rei tolo.
Tudo tenho mas nada terei, eu sou o vento e o fogo
sou antes de mais nada o fim,
desfecho dezembro para o novo que janeiro já vem.