Quando eu
tinha 16 anos comecei a estudar projeção astral, era só por romantismo...
Minha namoradinha estava presa em casa porque a mãe descobriu que ela me namorava. A vida dela estava um inferno.. na minha cabeça se eu pudesse sair do meu corpo dormindo e ir lá só deitar do lado dela pra dizer que ia ficar tudo bem, seria pelo menos um conforto pro problema, pro meu pelo menos. Na época achava que era porque eu era muito nova que não podia fazer nada, se fosse com 25 anos teria minha casa e ela vinha morar comigo e pronto, hoje percebo que não era questão de idade, eu não tinha o que fazer mesmo.
Um dia lendo um livro, descobri a tal da projeção astral, foi nisso que eu me engajei. Já me imaginava chegando flutuando na torre mais alta do prédio mais alto da ponta da praia de Santos, tipo um príncipe no cavalo branco... Não era tão romântico assim, no fundo podia muito bem rolar muitos amassos, por que não? Já tinha saído do meu corpo e dado mó role até lá mesmo...
Apesar da meditação fácil através de um mantra engraçado, consegui no máximo um formigamento no corpo e quando o bagulho ficava louco, parecia uma batedeira de energia a minha alma querendo pular pra fora.. eu ficava com medo do que me aguardava e desistia. Teoricamente não consegui fazer a tal da projeção consciente...
Eventualmente ficou tudo bem, mas apesar de toda a energia que depositei nesse relacionamento, quanto mais fácil a relação ficava, pior a gente se dava e fazer projeção astral deixou de ser uma vontade/prioridade/necessidade na minha vida, nunca mais tentei ou pensei nisso...
Foi só quando comecei a tomar a ayahuasca que realmente consegui sair do corpo, mas ir pra onde? Fazer o que tão longe? Foi ai que eu percebi...
Eu sempre fui movida por paixões desenfreadas... Eu não queria ir pra lugar nenhum porque pela primeira vez na vida não estava sofrendo de um amor impossível, então tava tudo bem estar bem ali onde estava, junto a minha matéria física, presente no lugar presente...
Posso relacionar metade das minhas experiências nessa vida e escolhas, com alguma paixão impossível. Um idealismo maluco que me fazia colecionar bilhetes de ônibus pra praia, aprender a gostar de novas musicas me matricular em cursos aleatórios e adquirir bagagens, só pra ter alguns minutos a mais com alguém e colecionar momentos extraordinários... Meu idealismo em amar me jogou pra frente umas setecentas vezes, e me empacou outras mil.
Não sei se me aceito como sou, poderia ser legal só o fato de ter consciência disso, mas na real é uma bosta ser movida por paixão, é bem sofrido! Toda vida meus objetivos foram traçados de acordo com conquistas, amores impossíveis, coisas que obviamente e claramente eu nem queria que acontecessem de verdade, porque se rolasse, deixaria de ser perfeito como era no mundo das minhas ideias. Por outro lado, é ótimo ser assim, esse autismo idealista, esse sofrer de vidas platônicas, é parte integral de ser nathali, é o que me torna única, cheia de altos e baixos, pronta para aprender a pilotar um avião se é o que é preciso pra viver apaixonadamente, ou pra dormir semanas de tanto desanimo com a vida real.
Eu gosto da minha vida, e eu compreendo a beleza de quem eu sou... Eu presenteei e fui presenteada com momentos incríveis, de historias malucas que bateram recordes de duração! Anos picados, um mês, duas semanas e em muitos casos, uma noite só foi o suficiente. A tristeza disso é que geralmente quando a emoção abaixa, deixo de viver o momento presente e passo a viver nos ideais, o que sempre gera sofrimento, pois como se relacionar com alguém que não está presente nos momentos sem graça? A magia não dura o suficiente e a realidade sempre chega... nem quero mais.
Toda aquela historia de projeção astral, pode me mostrar muito bem que na verdade eu estou sempre me projetando.. Eu me projeto nas pessoas, me apaixono por elas buscando quem eu quero ser. Projeto nelas o que elas têm que eu quero pra mim, projeto romances, lances, dramas, problemas, soluções. Esse meu jeito dramático, sofrível e terrível de amar, acaba sendo sempre uma prova de amor egoísta por mim mesma.
Eis um desespero em mudar, quando me dei conta de que eu era assim e que era isso que eu fazia, eu me odiei! Meu idealismo era energeticamente interesseiro, caçador de talentos, personalidades. Meu lance sempre foi uma conquista pra dominar sua parada toda, é também uma ótima forma de nunca ter que olhar pra dentro e ver quem sou e o que eu realmente quero. Dei um basta nisso e tranquei esse animal, tudo ia bem, mas ele tá lá, doidinho pra eu vacilar e ele voltar.
Talvez eu devesse aceitar e parar de lutar contra a minha natureza. Provavelmente a fase mais conturbada e turbulenta já se foi mesmo... Ou talvez eu realmente devesse abraçar essa mudança profunda pela qual passei e ficar na minha, tentando reconhecer quando estou me projetando em romances.
Até que ponto é saudável modificar a natureza? Vai que fui feita pra evoluir de caça em caça? Continua valendo a pena prender o animal que eu sou dentro de uma gaiola para evitar sofrimentos? Teoricamente não preciso sofrer pra evoluir, mas sofrendo sei que evolui também...
Talvez eu queira ser a menina que acabou conquistando o mundo sem nem perceber, só porque estava empenhada em conquistar um amor romântico que durasse tempo o suficiente pra se tornar genuíno...
Talvez eu queira tentar ser aquela pessoa que só quer tanto, tanto, tanto evoluir... uma hora iremos descobrir.
Minha namoradinha estava presa em casa porque a mãe descobriu que ela me namorava. A vida dela estava um inferno.. na minha cabeça se eu pudesse sair do meu corpo dormindo e ir lá só deitar do lado dela pra dizer que ia ficar tudo bem, seria pelo menos um conforto pro problema, pro meu pelo menos. Na época achava que era porque eu era muito nova que não podia fazer nada, se fosse com 25 anos teria minha casa e ela vinha morar comigo e pronto, hoje percebo que não era questão de idade, eu não tinha o que fazer mesmo.
Um dia lendo um livro, descobri a tal da projeção astral, foi nisso que eu me engajei. Já me imaginava chegando flutuando na torre mais alta do prédio mais alto da ponta da praia de Santos, tipo um príncipe no cavalo branco... Não era tão romântico assim, no fundo podia muito bem rolar muitos amassos, por que não? Já tinha saído do meu corpo e dado mó role até lá mesmo...
Apesar da meditação fácil através de um mantra engraçado, consegui no máximo um formigamento no corpo e quando o bagulho ficava louco, parecia uma batedeira de energia a minha alma querendo pular pra fora.. eu ficava com medo do que me aguardava e desistia. Teoricamente não consegui fazer a tal da projeção consciente...
Eventualmente ficou tudo bem, mas apesar de toda a energia que depositei nesse relacionamento, quanto mais fácil a relação ficava, pior a gente se dava e fazer projeção astral deixou de ser uma vontade/prioridade/necessidade na minha vida, nunca mais tentei ou pensei nisso...
Foi só quando comecei a tomar a ayahuasca que realmente consegui sair do corpo, mas ir pra onde? Fazer o que tão longe? Foi ai que eu percebi...
Eu sempre fui movida por paixões desenfreadas... Eu não queria ir pra lugar nenhum porque pela primeira vez na vida não estava sofrendo de um amor impossível, então tava tudo bem estar bem ali onde estava, junto a minha matéria física, presente no lugar presente...
Posso relacionar metade das minhas experiências nessa vida e escolhas, com alguma paixão impossível. Um idealismo maluco que me fazia colecionar bilhetes de ônibus pra praia, aprender a gostar de novas musicas me matricular em cursos aleatórios e adquirir bagagens, só pra ter alguns minutos a mais com alguém e colecionar momentos extraordinários... Meu idealismo em amar me jogou pra frente umas setecentas vezes, e me empacou outras mil.
Não sei se me aceito como sou, poderia ser legal só o fato de ter consciência disso, mas na real é uma bosta ser movida por paixão, é bem sofrido! Toda vida meus objetivos foram traçados de acordo com conquistas, amores impossíveis, coisas que obviamente e claramente eu nem queria que acontecessem de verdade, porque se rolasse, deixaria de ser perfeito como era no mundo das minhas ideias. Por outro lado, é ótimo ser assim, esse autismo idealista, esse sofrer de vidas platônicas, é parte integral de ser nathali, é o que me torna única, cheia de altos e baixos, pronta para aprender a pilotar um avião se é o que é preciso pra viver apaixonadamente, ou pra dormir semanas de tanto desanimo com a vida real.
Eu gosto da minha vida, e eu compreendo a beleza de quem eu sou... Eu presenteei e fui presenteada com momentos incríveis, de historias malucas que bateram recordes de duração! Anos picados, um mês, duas semanas e em muitos casos, uma noite só foi o suficiente. A tristeza disso é que geralmente quando a emoção abaixa, deixo de viver o momento presente e passo a viver nos ideais, o que sempre gera sofrimento, pois como se relacionar com alguém que não está presente nos momentos sem graça? A magia não dura o suficiente e a realidade sempre chega... nem quero mais.
Toda aquela historia de projeção astral, pode me mostrar muito bem que na verdade eu estou sempre me projetando.. Eu me projeto nas pessoas, me apaixono por elas buscando quem eu quero ser. Projeto nelas o que elas têm que eu quero pra mim, projeto romances, lances, dramas, problemas, soluções. Esse meu jeito dramático, sofrível e terrível de amar, acaba sendo sempre uma prova de amor egoísta por mim mesma.
Eis um desespero em mudar, quando me dei conta de que eu era assim e que era isso que eu fazia, eu me odiei! Meu idealismo era energeticamente interesseiro, caçador de talentos, personalidades. Meu lance sempre foi uma conquista pra dominar sua parada toda, é também uma ótima forma de nunca ter que olhar pra dentro e ver quem sou e o que eu realmente quero. Dei um basta nisso e tranquei esse animal, tudo ia bem, mas ele tá lá, doidinho pra eu vacilar e ele voltar.
Talvez eu devesse aceitar e parar de lutar contra a minha natureza. Provavelmente a fase mais conturbada e turbulenta já se foi mesmo... Ou talvez eu realmente devesse abraçar essa mudança profunda pela qual passei e ficar na minha, tentando reconhecer quando estou me projetando em romances.
Até que ponto é saudável modificar a natureza? Vai que fui feita pra evoluir de caça em caça? Continua valendo a pena prender o animal que eu sou dentro de uma gaiola para evitar sofrimentos? Teoricamente não preciso sofrer pra evoluir, mas sofrendo sei que evolui também...
Talvez eu queira ser a menina que acabou conquistando o mundo sem nem perceber, só porque estava empenhada em conquistar um amor romântico que durasse tempo o suficiente pra se tornar genuíno...
Talvez eu queira tentar ser aquela pessoa que só quer tanto, tanto, tanto evoluir... uma hora iremos descobrir.