quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

deixa

Entrou no ambiente e sentiu uma desgastante ansiedade, tudo era colorido, tudo era interessante, tudo era belo, intenso, tudo causava curiosidades. Seus olhos refletiam como diamantes as belezas raras, seu peito se enchia de ares inebriantes, tudo ali reivindicava ser possuído, tomado, usado, abusado, movido, lambido, beijado, comido, chupado, gozado. Uma boca, um nariz, dois ouvidos, dois olhos, duas mãos, um coração. Seu corpo jamais aguentaria; Talvez pequenas frações, mas jamais absorveria todo o êxtase, toda diversidade, toda diferença, toda possibilidade, toda a responsabilidade de possuir e cuidar de tantos belos detalhes. Poderia sair dali com duas, no máximo três, mas preferiu não escolher, deu as costas e caminhou na escuridão levando nada em suas mãos. Logo atrás vinha alguém que se sentia mais capaz, mas que logo entristeceu sem paz; Tudo para um só era muito, era demais. Diferentes verdades, diferentes necessidades para diferentes capacidades, possuir é um engano que limita felicidades, mesmo para quem se engana em achar que é dono de grandes quantidades. Deixando de lado as lascivas tentações, abandonava também o choro e a dor, as regras limitavam tanto amor, na liberdade tudo iria crescer, expandir como relva em alto tropico florestal, o amor era um selvagem animal, indo pra lá e pra cá. Deixando-o livre ele crescia confiante, forte, independente, era saudável saber que se aparecia, era porque queria e não porque algo o prendia.