O termômetro apontava vinte e três graus, o céu amanhecia azul escuro, o ventilador me fazia feliz.
A cidade não fazia um pio a dias, era o melhor lugar do mundo, mas só quando era fim de ano.
Eu terminei de arrumar a mochila, pensei em dormir, acabei sentando pra escrever.
Passei a língua na cicatriz, matei um pernilongo, pensei na ultima coisa que iria contar.
Tentei fazer uma retrospectiva, foi mais difícil do que costumava ser, acho que finalmente arranquei os retrovisores.
Sem feridas abertas. Não era assim seis meses atrás. Gosto mais de quem vim a ser.
Cada vez mais calma, cada vez vez mais quieta, cada vez mais serena.
Sem ansiedade, sem medo, melhor companhia.
Mas será que não iria ter o que escrever? "Poe essa criatividade pra funcionar, é o ultimo texto pro ano acabar."
O dia já tinha nascido azul e amarelo, não havia presentes na arvore de natal, o presente era só viver o presente.
Tentei pensar no mundo. Se o que havia mudado em mim era tão sublime, o que tinha mudado lá fora?
As musicas de 2008 ainda tocavam, os tênis de 2010 circulavam, a gente ainda existia.
O sistema falido ainda enganava, o consumismo ainda governava, o câncer ainda matava.
Meus amigos ainda faziam as mesmas coisas, o mundo ainda fazia tudo igual e todos esperavam obter outros resultados.
Passou a vontade de escrever, não segurei nenhum conhecimento que eu conseguisse compartilhar.Até queria ter o que dizer, mas percebi que não adianta aconselhar, passei por tanta coisa pra essa paz chegar.
E é só o primeiro ano virando sem beber, primeiro ano que não desejo desesperadamente ver tudo mudar.
É só manter essa firmeza onde eu for, dentro dos princípios do amor.
O desejo é que 2015 seja o ano do resto do mundo acordar.
Porque 2014 tirou meu véu de escuridão,
mostrou inclusive que o tempo é ilusão e só agradeço a esse ano muito bom.
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