Quando peguei na sua mão e te levantei pra dançar,
você não endureceu o braço, não travou o corpo,
você não me disse não!
você não me disse não com a sua cabeça,
você não me disse não com um gesto,
você não me disse não por vergonha.
Mas seus olhos diziam vergonha,
quando olhavam com curvas pro chão,
sua boca sorria a vergonha,
quando sorria colada de boca fechada.
Mas seu corpo não me disse não.
Não nos violentamos, dançamos sem musica,
no alvorecer da noite calada, na balada das pernas cansadas,
no ritmo das almas embriagadas, envergonhadas.
Eu respirei no seu cangote
e você não me disse não.
Seu corpo arrepiou, seu cheiro decantou,
você respirou no meu cangote e apertou o meu quadril,
eu não te disse não.
Sem nunca questionar, ou procurar entender
como se a vida fosse só o viver
sem o pensar, deixando um nada de tempo pra raciocinar,
você nunca me disse não.
E me levou pra viajar, me convidou pra ficar, pra morar,
e a gente poderia casar, tudo bem se você quisesse adotar,
mas eu gostaria de ver um pedaço de você crescer,
mais um tantinho de você pra amar.
Você nunca disse que sim, mas o mais importante
é que você nunca me disse que não.
Sua voz não disse que não,
seu olhar não disse que não,
seu corpo não disse que não,
sua energia não disse que não.
E nós dançamos sem ver o tempo passar,
pois o tempo não poderia existir, onde não existe o tempo do não.
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