Parte I.... continuação:
Quando se é jovem, o pensamento recorrente é que sempre existe mais tempo.
Algumas pessoas são extremamente ansiosas e impulsivas, não era o caso ali, e o caso na maioria dos casos, é que o medo de viver aquele momento faz com que a mente se reconforte no "na próxima vez". Mas a verdade é que cada chance é única, e a dosagem é quase impossível de ser medida, pois hoje em dia tudo é mais rápido que você, e se você tenta controlar demais, perde o controle. O fato é que nem sempre pode existir uma "próxima vez".
Para Daniel, que era um imediatista impaciente, foi o que bastou para tirar Lucas da zona de segurança, e coloca-lo na danger zone de pessoas que tiravam ele do eixo.
Para Lucas, nada saiu do eixo, as coisas esquentaram mas ele se manteve firme. Certamente tudo havia se tornado mais interessante, mas se eles fossem além, seria um caminho sem volta..
A verdade é que a família de Lucas era tradicional, ele tinha medo, para ele o recente incêndio com Daniel devia ser contido, controlado. Se Daniel se esforçava um pouco a mais, Lucas começava a ceder, mas no fim, adiava para a próxima vez. Para Daniel, a falta de urgência de Lucas era uma ferida se abrindo.
Ele ainda mantinha sua vida ativa, estava conhecendo outras pessoas, mas ver Lucas passou a ser angustiante, e isso resume o problema. Depois daquele dia eles sempre pegavam fogo, e em certo ponto Lucas o apagava. Daniel estava se apaixonando por uma pessoa que não iria se entregar, jamais teriam algum tipo de relação além daquilo, e o pior é que já nem conversavam mais como antes. Sem sentir espaço pra expor o que queria, a única solução era afastar Lucas.
Não foi difícil dizer, na verdade nem se explicou, não queria ter que dizer o que estava sentindo ou querendo, não achava que tivesse algum direito. Lucas aceitou fácil, talvez tivesse sido um alivio...
Só souberam mesmo a dificuldade na outra semana, um encontro não planejado em uma festa.
O cheiro de Lucas, quando passava martelava o sistema nervoso de Daniel. Lucas estava o evitando de proposito, provocando, deixando a porta aberta... Tarde demais, Daniel orgulhoso não voltaria atrás, não seria o segredo de mais ninguém, e só brincaria se fosse pra brincar direito. Queria correr, queria gritar, mas aguentou até o fim, mesmo quando Lucas disse tchau e deu um abraço. Sentia que ia explodir com tanta coisa que tinha pra falar, com tanta vontade que tinha de puxar ele e dizer: "Eu quero você, só mais essa noite, eu quero!"
Não disse, não disse nada, mas caiu de cama três dias depois. Dizem que segurar as emoções, guardar um segredo, enfim, esse tipo de coisa pode fazer um mal danado a saúde, mas a vida continuou, ambos tinham muitos peixes, ambos estavam bem, mas nenhum dos dois esqueceu ou deixou de imaginar como teria sido a próxima vez!
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