Caminhou da estação de trem para a kombi adesivada, "1980"; Fez as contas, aquele senhor já estava naquele ponto a quarenta e cinco anos, vendendo caldo de cana em frente daqueles motéis baratos. O segredo do sucesso desse tímido empreendedor só poderia ser acaso, um acaso oportuno de estar ali para repor as energias de seus clientes, bem na porta do entra e sai. Duro é pensar que há quem possa considerar esse sucesso um fracasso.
Quinta-feira ensolarada, perfeita para um caldo de cana e uma tarde toda de sexo, infelizmente sentia muito sono quando tomava a garapa, isso atrapalharia o sexo. Sentou-se num banco perto de um parque enquanto aguardava. Alguns dias do mês via sexo em tudo, olhando para o parque se viu transando na grama e admirando os pássaros; Certamente não duraria muito, mas talvez atrás do caminhão baú estacionado perto do drive-in, sem tirar as roupas, só se esfregando até gozarem mesmo; qualquer coisa, mas uma em especial: tinha em mente pegar a estrada e parar no meio de qualquer lugar, pois a excitação era justamente esse ejacular de desejo precoce, que não podia esperar um lugar calmo, que não podia esperar quatro paredes, que não podia esperar!
Talvez fosse a lua da semana, mulheres viram lobas, homens lobisomens. Talvez segurar o desejo fosse como segurar dinamite acesa, não importa quanto tempo você vai segurar, ela vai explodir, mas se segurar muito, ela vai te explodir.
A voz eloquente ecoava na cabeça, ela tinha contaminado tudo se disfarçando de paixão, não tentava esconder que tinha sujado a mente de forma insaneável, qualquer um que olhasse profundamente seus olhos poderia ver a sujeira por trás do rosto calmo, que se distraia facilmente pensando na beleza do parque, da quadra de futebol vazia, dos pássaros e ocasionalmente dos quadris, coxas e seios.
Uma coisa não anulava a outra, mas se uma das duas não se sobressaia, talvez elas se completassem. O desejo visceral era a vida, era o fluxo normal que lhe empurrava para perto dos outros. Homens, mulheres, apenas a empatia garantia a sobrevivência da espécie. A fantasia poética era colocar uma beleza escondida no ordinário e comum, eram as desculpas formidáveis para serem animais irracionais e extremamente passionais.
Quando abriu a porta do carro trocaram faíscas com os olhos, ela também estava dominada pela mesma voz eloquente da paixão. A respiração quase controlada por trás da desculpa pelo atraso, não disfarçava os pensamentos escapando pelos poros da pele, sendo dedurados pelo cheiro. Feromônios não mentem, não disfarçam, mas tudo bem, pois era realmente uma tarde perfeita para se render e se perder em um brain storm afrodisíaco, espremer o suco da cana e se embriagar da energia criativa gerada nos chakras quentes.
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