Bruna abriu os olhos, despertou diretamente de um sonho desconexo para a luz natural que batia no quarto! Na estranheza de faze-lo longe de sua casa, se assustou com a localização atual, segurou a respiração mas soltou levemente pra não dar suspeitas de que estava acordada. Divagou sobre a noite anterior e rapidamente sentiu ansiedade intensa, para alivia-la, coçou o nariz no cobertor (tinha a mania de coçar o nariz quando se sentia ansiosa e animada, principalmente quando se tratavam de assuntos os quais se sentia prepotente) e se deu conta que o cobertor estava preso em outra pessoa. Ela estava deitada de lado, de cara com a parede, já pensando que em algum momento teria que acordar de fato, levantar e enfrentar a situação! No momento presente sentia o pé quente e peludo que conhecia tão bem, era dele, e ele estava deitado ao seu lado, com a barriga pro teto, acordado ou não mas ela não queria olhar pra ter certeza (não por enquanto), precisava de mais um tempinho encarando a parede até achar a coragem.
Ele despertou muito mais os sentidos do que os sentimentos, ouviu alguém teclando no quarto, olhou de canto, Cecilia já estava acordada e bastante confortável (O suficiente pra fingir ter algo mais interessante no computador do que na própria cama). Do lado esquerdo estava Bruna, dormindo, imersa nas cobertas, de um jeito que ele podia ver apenas o topo de sua cabeça. Seus cabelos ainda exalavam um perfume tão bom, que faziam a vida parecer de mentira.
Cecilia estava sentada com os dois pés em cima da cadeira, alcançando apenas os antebraços na imensa mesa cheia de livros. Cabelo preso de qualquer jeito, calcinha branca, camiseta amarela de uma banda que ele não conhecia (provavelmente de algum ex namorado), mesmo de costas era uma cena linda de ser ver assim, logo pela manhã!
Cecilia tinha um trabalho tão incrível, que todo mundo sentia essa pontinha de descontentamento com o próprio trabalho quando pensava nela. Resumindo bem, era jovem, trabalhava com gente jovem, viajava muito, pagava as contas e dividia dos mesmos luxos e benefícios com os amigos de trabalho. Se eles trabalhavam mesmo não da pra saber, porque as fotos na internet eram sempre das festas. Olha, esses trabalhos modernos são assim mesmo, além de que, muito do trabalho se faz do próprio celular, ou de casa!
Ela tinha acordado com o vibra do celular, perdeu o sono com uma mensagem mal educada da mãe. Era sábado, já tinha mais de cinco meses que ela não voltava pra Americana no fim de semana (ou em qualquer data/feriado), tinha prometido que ia nesse, não foi! Depois de alguns minutos remoendo o compromisso quebrado, foi direto para o computador, e assim, no sábado de manhã, estava adiantando algumas coisas do trabalho. O verdadeiro motivo de não ter ido ver a família, estava na cama, quer dizer, pelo cheiro do café, estava na cozinha também!
Quando Victor acordou, a iluminação no quarto era perfeita, a luz do sol fotografava cada móvel, livro, taco de madeira, quadro na parede e as pessoas deitadas em um colchões e edredons. A felicidade da perfeição fotográfica durou quase um minuto, foi o tempo necessário para perceber que havia acordado pelo chamado numero dois da natureza. Quando levantou, o banheiro já estava ocupado, acabou tendo que usar o lavabo do lado da lavanderia, aproveitou a passagem na cozinha e resolveu fazer café.
Lena saiu do banheiro, viu a porta do quarto entreaberta e decidiu ir pra sala se jogar no sofá.
Estava esgotada psicologicamente. Apaixonada por Cecilia, namorando Victor, tomada pela curiosidade de estar com Davi e Bruna. Qualquer coisa ali era complicada demais para se ter uma solução, mas era inevitável, fechou os olhos e deixou o carrossel girar!
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